quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Ser missionário

Formador: Nuno Óscar Vilela Secretario: Ana Isabel Gonçalves (Aldeia de S. Teresa de Jesus – Braga) Na Quinta-feira, dia 2, pela frescura da manhã subimos ao monte para aprender. Momentos antes recebêramos o Nuno Óscar, conhecido já de alguns nós. O Nuno é carmelita e jovem. Pertence à comunidade do Carmo de Aveiro, onde cresceu e vive a sua fé. Hoje prefere chamar-se jovem leigo missionário carmelita. É jornalista de formação mas não exerce. Durante os últimos dois anos foi missionário em Pemba, Moçambique. A sua vocação missionária assaltou-o quando o Movimento do Carmo Jovem participou nas Jornadas Mundiais da Juventude de 1997, em Paris. Findas as JMJ o Carmo Jovem peregrinou ao túmulo de S. Teresinha e, pimba, o Óscar foi apanhado. O desejo de ser missionário surgiu aí, junto da Santa Missionária. Foi tão forte que ele sentiu que o seu dever era levar a palavra de Jesus Cristo às pessoas e ajudar na construção de um mundo melhor. Segundo as suas palavras, 90% da população moçambicana é muçulmana. Ora isso constitui um duplo desafio para quem parte para junto desse povo tão rico em tradições e humanidade. Quem vai para evangelizar tem ali um campo imenso para colher, tal como ele nos assegurou: “…fui como pessoa católica e nunca me podia esquecer disso”. O Nuno partiu juntamente com duas colegas para tal como afirma, “…estar ao lado dos que mais precisam”. E esteve. A sua experiência de missionário foi-nos demonstrada em palavras calorosas e convictas, em fotos e em dois pequenos filmes da RTP2, que pudemos ver e que ilustram o esforço da promoção da higiene, da saúde, do ensino e da agricultura, num país que em termos económicos e culturais é ainda muito pobre. É um dos mais pobres do mundo! Vimos também como aquela comunidade de missionários se esforça pela valorização do conceito de “mulher”, uma vez que esta é ainda muito desprezada. Ao vermos o filme, caladamente, silenciosamente, quem não se comoveu com aquelas jovens mulheres cantando: “Sou amanhã, sou esperança e lhe quero bem”? A seis horas de viagem de Pemba, em Malema, encontram-se umas missionárias da Boa Nova. A sua acção missionária consiste principalmente em incrementar novas práticas agrícolas que possibilitem tirar mais frutos com o mesmo (ou menos) trabalho, pois aquela terra é imensamente generosa. Simultaneamente promovem centros de saúde, tão escassos, tão necessários e tão cheios de quase nada. E como o Óscar afirmava “…o melhor que Moçambique tem é a terra, dá tudo”. Mas não chega ter, é necessário persistir, insistir e não desistir de incutir novas práticas agrícolas. E novas harmonias nas relações com a natureza, os humanos e as religiões. Vimos ainda o trabalho do Nuno Óscar. Era professor de Inglês e Informática. À sua frente tinha cerca de 700 alunos! Aquela área do saber não correspondia à sua formação académica, mas a fome de aprender é muita e os meios raros. Tinha ainda um importante papel no trabalho pastoral: dava catequese e visitava algumas comunidades no mato, algo afastadas do núcleo. Foi nessas incursões que descobriu a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, no Miéze, Cabo do Sul. Ali sentiu-se ainda mais missionário carmelita, porque “… um Carmelita é-o em qualquer parte do mundo”. Foi então que se lembrou de pedir à sua Comunidade do Carmo de Aveiro uma imagem da nossa Padroeira. A Comunidade acedeu e os leigos missionários enviaram-lhe uma imagem que ele ofereceu em festa e júbilo à Paróquia do Miéze no dia 16 de Julho! Tínhamos de concluir, sob pena de não almoçarmos. Mas ainda pudemos ouvir o jovem missionário dizer-nos: “…depois do que vi, não tenho dúvida que devemos começar a nossa missão na nossa própria casa”, procurando estar atentos às necessidades das pessoas que nos rodeiam. Salama!, Nuno Óscar. Que o Espírito esteja contigo. Salama! Volta sempre!