domingo, 12 de agosto de 2007

Notas finais | Dia VI | 3 Ago

Sexto dia - Sexta-feira - 3 de Agosto
O sexto dia amanheceu quente, ameaçando aquecer muito mais. O correr lento do dia foi-nos desvelando uma aragem parada, daquelas aragens paradas ao longe e ao perto, que se incendeiam por dentro e queimam por fora de nós. A formação da manhã exigia avental. Assim, sob a frescura da vinha apareceu uma longa mesa branca, e depois farinha pura e água. Chegaram também as octogenárias Dª Adília e a Dª Carmo com muitas histórias para contar. Éramos os seus netos. Quando souberam que precisávamos delas logo se prontificaram. Como era para contar histórias de encantar, nem duvidaram. Como tinham de nos ensinar a amassar pão até se riram, para logo de seguida mostrarem como os seus dedos cheios de artroses são mais bem treinados que os nossos.
Amassamos o pão, estendemos o pão, cortámos o pão e fizemos hóstias fininhas que logo foram ao forno para coser e crescer. Ao saírem do forno não eram nem o pão nem as hóstias mais belas. Mas eram as nossas. Assim se matou a manhã. Entre risos de velhas e de novos, entre dúvidas de uns («ai é para hóstias?») e de outros («como é que se faz isto que eu nunca fiz?»). Entre a vergonha de pôr avental e a destreza das moças em dançar com ele ou sem ele. Tempo para piscina quase não houve. Para o almoço sim. Às três horas estávamos no Santuário a rezar: era tempo de Confissões. Ao iniciarmos o Acampáki apenas 4 estavam disponíveis para se confessar, ao terminarr só quatro é que não se confessaram. Mas Deus é que sabe porque é que as contas se fazem assim! O P. Vasco Nuno e o P. Agostinho Castro deram uma ajuda ao Frei João. Uma ajuda é como quem diz: as confissões prolongaram-se por duas horas para confessar 20 jovens. Tanto silêncio gerou fome. E havia mesmo que comer. Porque até o profeta Elias teve de comer para se manter no silêncio da Torrente de Kerit. É que a seguir às confissões e à merenda sucedeu a hora do silêncio. Podia não ser das horas mais desejadas, mas já não é dispensada. A tarde foi descaindo do quente do dia para a frescura da noite.
Após o jantar era hora de Via Lucis. A Via Lucis foi uma longa jornada de oração, pela noite dentro. Convictamente (nós e a Vera que nos veio visitar) penetrámos pela espessura da noite, sem medo e iluminados pela cruz: a cruz de cada aldeia e a cruz do Acampáki. Enfrentámos a noite à procura da luz não tanto na certeza de a encontrar, mas na convicção de que a Luz caminharia mais que nós e ao nosso encontro. No fim só um acampáki fora ligeiramente iluminado e a esse coube a responsabilidade de nos dar luz. Sorte a dele que recebeu os abraços de todos! Depois dos abraços sucumbimos ao sono ou à conversa à porta das tendas. Hoje o Acampáki passou dos 30 elementos: estão entre nós dois jovens casais carmelitas, vieram para viver e reforçar a nossa experiência de acampamento carmelitano.