Tudo tem um começo. O Acampáki também. Dizer que o Acampáki começou a ser desejado quando os nossos pais viviam no Jardim deve ser um exagero. Sugerir que ele nasceu quando eles começaram a descer das árvores também o deve ser. O certo é que havia em nós uma ânsia enorme de pó, relva e calor, de ar, água e terra, de sombra, árvores e silêncio, de berraria semi-selvagem, flores e humús, de tempo sem tempo e sem espartilho de horários.
Assim pensamos, assim procuramos fazer. Mas só até meio.
Acampáki é um convite. O convite quer dizer: Jesus, acampa aqui connosco! Ou quer (queria) dizer: jovem carmelita, acampa aqui com Jesus! Acampemos todos! Nós e Jesus, Jesus e nós. Todas as tendas juntas.
O aqui era em Deão, Viana do Castelo, na Quinta do Menino Jesus de Praga. Era para ali o convite. (Mas pode ser para qualquer outro lugar) Durante uma semana foi ali que Ele montou a sua tenda no meio de nós. Durante sete dias houve Acampáki. Nós e Ele. Ele e nós. Todos. Juntos.
Sete dias levou Deus a criar o mundo. Em sete dias ele renovou muitos de nós, alguns inesperadamente! Outros espantosamente! Enfim, sempre Ele esteve connosco. Os que lhe abriram o coração (ou o tinham escancarado sem o advertir) foram inundados por Ele. Pela sua luz. Pela sua força. Perturbadoras. Extasiantes. Inesperadas.
Finalmente, o Acampáki culminava as actividades anuais da Pastoral Juvenil da Ordem. Tinha à cabeça o Frei João Costa, bem secundado pela Verónica e pelo Ricardo. Durante a Semana fomos 25 jovens e ao fim de semana 31! Dividimo-nos em quatro aldeias: Aldeia de São João da Cruz, onde se albergaram os jovens rapazes da Paróquia de S. Pedro de Caíde de Rei; Aldeia de Santa Teresa de Jesus, onde se concentraram os jovens do Grupo Apocalipse do Carmo de Braga; Aldeia do Bem-aventurado Redento da Cruz que acolheu os jovens de Aveiro, Avessadas, Guarda, Leça da Palmeira e Viana do Castelo; Aldeia dos Veneráveis Célia e Luiz Martin, que acolheu os jovens casais de Caíde de Rei e Ílhavo.
Feitas as apresentações e introduções, abertos os sacos, esticadas e levantadas as tendas (algumas montam-se em 6 segundos!), começou o que já tinha começado há muito.
Não se pode aqui cronicar um acontecimento destes. A melhor maneira de ler esta crónica é ir lá (vi)ver. Mas como tudo já passou e merece ser contado, de ora em diante, a crónica falará apenas daquilo que só os acampákis percebem porque sabem o que viveram. Sem mais. Nem menos.
Estávamos, pois, no Acampáki. Éramos acampákis.
Primeiro dia - Domingo - 29 de Julho
O primeiro dia foi, como já se percebeu, de aproximação ao local onde plantaríamos as tendas. Plantadas antes que a noite caísse e nos surpreendesse, houve tempo para nos começarmos a conhecer (havia gente que nunca tinha sido avistada entre nós) e para saciarmos a pele do corpo nesse imenso copo de água que é a piscina da Quinta do Menino Jesus de Deão.
A noite começou partilhando o jantar com o que trouxeramos de casa, e finalizou com a primeira incursão no Santuário do Acampáki para rezarmos a oração das boas-vindas. Se fosse no futebol diríamos que as esquipas se estavam a conhecer. Ainda não era (embora já sendo) Acampáki.
Chegou depois a hora de adormecer. Mas não foi fácil. Não seria fácil em nenhum dos dias.